Colheita 2025: Uma Vindima que Marca o Rumo do Ano
- Bodega Renacer
- 28 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 29 de abr.
O ciclo vitícola 2024–2025 foi marcado por condições climáticas distintas e um manejo agronômico meticuloso, que resultaram em uvas de grande qualidade e caráter. Ao longo do ano, monitoramos variáveis-chave como o clima, o desenvolvimento fenológico, a sanidade do vinhedo e os rendimentos, buscando preservar a autenticidade do terroir e garantir vinhos que reflitam a identidade de nossa região.

O ciclo se desenvolveu sob uma amplitude térmica marcante, característica das nossas zonas de altitude, e uma distribuição equilibrada de chuvas.
Inverno 2024: frio, com abundantes nevascas na Cordilheira, o que garantiu reservas hídricas subterrâneas e uma brotação homogênea na primavera.
Primavera: temperaturas dentro da média histórica; as geadas de setembro e o vento Zonda impactaram levemente a floração, reduzindo a quantidade de bagas, mas favorecendo a concentração.
Verão: janeiro e fevereiro apresentaram ondas de calor que aceleraram a maturação, seguidas de um resfriamento que gerou estresse térmico. O clima se estabilizou em março, permitindo alcançar um excelente equilíbrio na maturidade.
Precipitações: dentro dos valores médios, com chuvas-chave em outubro que estimularam um vigor vegetativo saudável e boa sanidade.
Os principais desafios foram relacionados ao clima, principalmente as geadas primaveris, o vento Zonda e as ondas de calor.
Os aspectos a destacar são:
Neve no inverno que recarregou os aquíferos.
Alta amplitude térmica que perfilou aromas limpos e definidos.
Leve estresse hídrico que favoreceu a concentração de compostos aromáticos e fenólicos.

Quanto ao desenvolvimento fenológico, as vinhas evoluíram de maneira consistente, com alguns avanços devido às altas temperaturas estivais:
Brotação: Iniciou-se em setembro de forma uniforme.
Floração: Em novembro, com bom pegamento de cachos, ainda com leve redução na quantidade.
Envero: Apresentou-se em janeiro de 2025 de forma uniforme e homogênea, garantindo uma maturação equilibrada.
Maturação: Observou-se um adiantamento na maturação de aproximadamente 5 dias nas variedades brancas e 10 dias nas tintas, influenciado pelas ondas de calor. A maturação foi completa tanto em termos de açúcar quanto de polifenóis, garantindo uma colheita de grande qualidade.
A sanidade das uvas foi ótima. Graças ao plano fitossanitário preventivo e ao monitoramento constante, não foram detectadas doenças de impacto significativo. As chuvas de outubro não geraram pressões de patógenos, e o clima seco no restante do ciclo ajudou a manter os cachos saudáveis.

A colheita começou no dia 5 de fevereiro e terminou em 7 de abril, com os seguintes períodos:
Brancas (Chardonnay e outras): de 5 de fevereiro a 25 de março.
Tintas (Malbec, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc): de 15 de março a 7 de abril.
Os rendimentos foram 10% superiores à média dos últimos cinco anos, mantendo-se a qualidade graças à carga reduzida de forma natural pelas geadas e ao manejo agronômico focado no equilíbrio.
As variedades mais destacadas para nossa equipe de enologia são:
Malbec: fruta vermelha vibrante, taninos suaves, final especiado.
Chardonnay: notas cítricas e florais, com mineralidade marcante e excelente acidez de guarda.
Cabernet Franc: estrutura firme, amoras maduras e potencial de envelhecimento.
Esperam-se vinhos de alta concentração aromática, frescor e taninos estruturados, com grande expressividade do terroir e claro potencial de guarda. Suas principais características permitem descrevê-los como vinhos equilibrados, intensos e representativos do terroir, com identidade única pelas oscilações climáticas.
A colheita 2025 nos deixa vinhos de qualidade excepcional, reflexo de um ano que combinou desafios climáticos com um notável equilíbrio natural. A conjunção entre o manejo agronômico de precisão e as condições únicas dos nossos vinhedos de altitude deu origem a uvas com uma identidade marcante, fiéis intérpretes do terroir mendocino.

A sanidade, concentração e frescor alcançados nesta safra indicam vinhos memoráveis, com caráter, estrutura e um claro potencial de evolução. As marcadas oscilações térmicas e os eventos climáticos pontuais — como as geadas primaveris e as ondas de calor estivais —, longe de representar uma ameaça, atuaram como aliados na construção de perfis sensoriais complexos e vibrantes.
O ciclo vitícola 2024–2025 foi uma verdadeira demonstração do equilíbrio entre a natureza e o conhecimento. Cada decisão tomada no vinhedo — desde a poda até a colheita — foi fundamental para alcançar uma maturação plena, tanto em termos de açúcares quanto de polifenóis.
Esta colheita promete vinhos intensos, autênticos e profundamente representativos de nossa região. Vinhos que não apenas falam do solo e do clima, mas também do compromisso humano por trás de cada cacho.
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